VARIOCELE
Varicocele é a dilatação anormal das veias do plexo pampiniforme testicular, que fazem parte do conduto espermático (local onde passam estruturas como artérias, veias, vasos linfáticos e ductos deferentes para os testículos e epidídimos).

Embora a maioria dos pacientes com varicocele seja fértil, existe uma associação entre varicocele e infertilidade, sendo esta a causa tratável mais comum de infertilidade masculina.
Estima-se que a incidência de varicocele na população masculina é de aproximadamente 25% nos homens que apresentam qualquer alteração seminal e 11% nos homens com análise seminal normal. O conhecimento clássico sobre varicocele afirma que sua incidência no lado esquerdo ocorre em 80 a 95%, podendo ocorrer bilateralmente entre 25 a 45%, e raramente apenas no lado direito.
Na maioria dos casos, a varicocele é assintomática. Alguns pacientes ocasionalmente queixam-se de sensação de peso, dor intermitente ou aumento do volume escrotal.
Devido aos poucos sintomas, o diagnóstico baseia-se no exame físico minucioso, que deve ser realizado com o paciente em pé, em ambiente tranquilo e em temperatura não-refrigerada, o que favorece o relaxamento da musculatura escrotal. A manobra de Valsalva (esforço da musculatura abdominal), em geral, facilita a visibilidade e palpação das veias dilatadas.
Examina-se, posteriormente, o paciente deitado, no intuito de avaliar outras alterações intraescrotais e o volume dos testículos, observando a eventual assimetria entre os dois lados. Assimetria ou hipotrofia testicular são sugestivas de dano testicular e podem orientar o tratamento cirúrgico, principalmente em adolescentes. Anormalidades na concentração e qualidade espermática são frequentes em pacientes inférteis com varicocele, porém não são específicos dela, denotando apenas anormalidade na função testicular.
Dessa forma, a análise seminal não deve ser considerada método diagnóstico da varicocele, porém é muito útil para indicação terapêutica e posterior acompanhamento.
Além da história clínica, do exame físico minucioso e da análise seminal (2 coletas), pode haver a necessidade da realização de ultrassonografia com doppler, que define objetivamente o diâmetro das veias, o tamanho dos testículos e a presença anormal de fluxo inverso dos vasos.
De acordo com o grau de desenvolvimento, as varicoceles são classificadas em:
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Grau I (pequenas) – Aquelas que são palpáveis apenas com a manobra de Valsalva.
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Grau II (moderadas) – Palpáveis facilmente sem esta manobra.
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Grau III (grandes) – Detectadas visualmente e palpadas com facilidade.
A correção da varicocele pode não melhorar os parâmetros seminais em todos os pacientes, apesar de que acima de 70% dos pacientes apresentam melhora significativa dos parâmetros tradicionais do ejaculado, mas definitivamente e de forma inquestionável, facilita a gravidez natural com nascimentos vivos. Mesmo que não haja gravidez espontânea, uma outra parte significativa dos pacientes que somente teriam condições de se reproduzir com técnicas avançadas de reprodução assistida (ICSI) agora poderão obter gestação com técnicas mais simples e de baixa complexidade como a inseminação intrauterina simples.
A correção microcirúrgica da varicocele, quando bem indicada, além de ser excelente opção para devolver a fertilidade natural ao casal ainda apresenta melhor custo-benefício em relação a qualquer método de reprodução assistida. Não se pode deixar de citar que o restabelecimento e preservação da função testicular, deve ser considerado um fator importante na decisão de indicar cirurgia, independentemente do fator "gravidez".